
ESG para Startups: perspectivas, produtos e práticas
Como as startups podem incorporar a pauta ESG em suas visões estratégicas, modelos de negócios e rotinas operacionais.
Na última terça-feira (18), Fernando Mallmann, fundador e CMO do movimento Repenso, participou do evento "ESG para Startups: perspectivas, produtos e práticas", realizado no Instituto Caldeira. O encontro contou com a mediação de Bruno Bastos e também teve a participação de Daniela Giffoni e Sérgio Finger.
Juntos, eles debateram a importância da agenda ESG (Ambiental, Social e de Governança) para as startups e como esses negócios podem implementar ações sustentáveis e responsáveis em suas práticas.
Neste artigo, iremos explorar os temas abordados durante o evento e compartilhar os insights e aprendizados que surgiram dessas discussões enriquecedoras. Confira!
Por que as empresas devem se preocupar com ESG?

No cenário empresarial atual, as práticas ESG têm se tornado uma pauta cada vez mais crucial e essencial para o sucesso e a sustentabilidade das empresas. Não se trata apenas de uma tendência passageira, mas sim de uma necessidade crescente, impulsionada pelas demandas da sociedade e do meio ambiente.
Empresas têm sido pressionadas por diversas forças, desde consumidores mais conscientes até investidores preocupados com questões ambientais e sociais. Esse despertar da responsabilidade corporativa está redefinindo a maneira como as empresas operam, gerenciam e são percebidas.
As práticas ESG são muito mais do que uma mera questão ética; elas se tornaram uma necessidade estratégica e uma vantagem competitiva para as empresas que buscam prosperar no cenário empresarial atual.
Ao adotar uma abordagem responsável em relação a questões ambientais, sociais e de governança, as empresas demonstram seu compromisso em criar um impacto positivo no mundo e, ao mesmo tempo, aprimoram sua reputação, fortalecem suas operações e atraem investidores e clientes engajados.
Em suma, as empresas devem se preocupar com as práticas ESG porque essa abordagem é essencial para o sucesso a longo prazo, o desenvolvimento sustentável e a criação de valor compartilhado com a sociedade. Ao se comprometerem com uma agenda mais ampla de responsabilidade corporativa, as empresas têm a oportunidade de construir um legado positivo, influenciar positivamente o mundo ao seu redor e garantir sua relevância e prosperidade em um cenário empresarial em constante evolução.
Empresas de impacto x empresas com impacto: quem é o meu negócio nesse ecossistema?

No vasto ecossistema ESG, é fundamental que as startups compreendam sua identidade e o papel que desempenham nesse contexto. Essa jornada começa ao entender que existem diversas perspectivas dentro desse universo.
De um lado, temos as startups "de impacto", cuja atividade central é direcionada à solução de problemas socioambientais. Essas empresas enxergam a sustentabilidade e o impacto positivo como elementos intrínsecos ao seu modelo de negócio. Buscam monetizar produtos e serviços que estejam alinhados com esses valores, colocando em prática uma visão de negócios que vai além dos lucros, priorizando o bem-estar da sociedade e do meio ambiente.
Por outro lado, temos as empresas "com impacto", que mesmo não tendo o propósito principal de solucionar questões socioambientais, possuem uma cultura e a vontade genuína de gerar um impacto positivo. Essas startups reconhecem que seu poder de influência vai além do resultado financeiro, e por isso, se comprometem a adotar práticas responsáveis e sustentáveis. Elas desempenham um papel crucial na cadeia ESG, contribuindo para solucionar problemas e promover a sustentabilidade, mesmo que de forma indireta.
Ambos os perfis de startups têm um papel vital na construção de um futuro mais sustentável e responsável. Através da adoção de práticas ESG, esses empreendimentos emergentes têm a capacidade de criar um impacto significativo no mundo ao seu redor. Essa influência transformadora se estende além de seus produtos e serviços inovadores e inclui também suas ações internas e relacionamentos com stakeholders.
É essencial que as startups reconheçam a importância da agenda ESG e tomem medidas concretas para colocar em prática os princípios ambientais, sociais e de governança. Ao fazerem isso, elas não apenas impulsionam seu crescimento e sucesso, mas também contribuem diretamente para um mundo melhor e mais sustentável, inspirando outras empresas e a sociedade como um todo a abraçar esse compromisso coletivo.
Mas como exatamente as startups se relacionam com a agenda ESG e como podem colocar em prática as ações necessárias?

O ESG não é apenas uma tendência momentânea, mas sim uma jornada de longo prazo para empresas de todos os setores. Cada startup tem uma jornada única dentro do ecossistema ESG, considerando suas particularidades setoriais e áreas de atuação. Mas a chave para um engajamento efetivo na agenda ESG é a mesma para todos: a tradução das intenções em ações concretas e mensuráveis.
Em primeiro lugar, é essencial realizar uma matriz de materialidade, compreendendo as questões críticas que têm um impacto relevante no negócio, tanto em termos de riscos quanto de oportunidades. Identificar os principais desafios, oportunidades e stakeholders relevantes permite que a startup estabeleça uma base sólida para suas ações sustentáveis.
Com base nessa análise, as startups podem estabelecer metas e indicadores específicos, transformando suas intenções em resultados concretos e mensuráveis. Essas metas devem ser cuidadosamente definidas para que sejam tangíveis, ou seja, alcançáveis dentro do contexto da empresa, mensuráveis, permitindo a avaliação objetiva do progresso, e auditáveis, para garantir a transparência e a credibilidade dos resultados alcançados.
A abordagem tangível, mensurável e auditável é crucial para a validação das práticas ESG da startup, pois permite que a empresa demonstre seu compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade social de forma clara e confiável, tanto para seus stakeholders internos quanto para investidores e clientes externos.
Ao comprovar suas práticas ESG, as startups fortalecem sua credibilidade e se destacam como agentes transformadores, contribuindo efetivamente para um mundo mais sustentável e responsável.
Uma referência valiosa para esse processo são os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela ONU, que contam com 169 metas específicas. Ao adaptar esses indicadores à sua área de atuação, as startups podem direcionar seus esforços para alcançar resultados diretos que sejam benéficos tanto para o negócio quanto para a sociedade como um todo.
É fundamental que a sustentabilidade não seja vista como algo distante e complexo. Pelo contrário, é essencial que elas iniciem sua jornada olhando para dentro, priorizando a qualidade de vida e o bem-estar de seus colaboradores. Ao adotar práticas sustentáveis e responsáveis dentro da empresa, as startups criam uma base sólida para construir uma cultura corporativa que valoriza o equilíbrio entre os interesses econômicos, sociais e ambientais.
Para que as práticas ESG sejam genuinamente incorporadas à identidade da startup, é necessário promover uma transformação interna que envolva a conscientização, engajamento e comprometimento de todos os membros da equipe. Isso implica em criar um ambiente onde a sustentabilidade seja uma prioridade e os princípios ESG sejam vivenciados no dia a dia das operações.
As startups, ao abraçarem a agenda ESG, tornam-se catalisadoras da mudança positiva e protagonistas na construção de um futuro mais sustentável. Ao investir na qualidade de vida de seus colaboradores, na eficiência dos processos e no cuidado com o meio ambiente e a comunidade, elas estabelecem uma visão de negócios que ultrapassa os interesses puramente econômicos. Dessa forma, essas empresas se tornam não apenas agentes transformadores de suas próprias realidades, mas também inspiram e influenciam outras organizações a adotarem práticas mais conscientes e responsáveis.